3 de dezembro de 2024

Jutan Araújo

Sem Meias Verdades

Pesquisa aponta que mulheres foram mais alvo de assédio sexual do que de roubos no país

Foto: Dario Oliveira/Código 19/Estadão Conteúdo

O meio de locomoção mais citado pelas entrevistadas como cenário de importunações e assédios sexuais foi o ônibus

Importunação e assédio sexual são os principais motivos de insegurança das mulheres ao se deslocarem pelas cidades brasileiras, segundo uma pesquisa realizada pelos institutos Locomotiva e Patrícia Galvão com apoio da Uber e técnico e institucional da ONU Mulheres. Dados do instituto revelam que 7 em cada 10 mulheres já receberam olhares insistentes e/ou cantadas inconvenientes.

O levantamento ouviu mais de 2 mil pessoas de todo o país, entre 30 de julho a 10 de agosto, e concluiu que o público feminino é o grupo mais vulnerável quanto às violências que ocorrem nos diversos meios de transporte, seguidas de pessoas LGBTQIA+, negras, de baixo poder aquisitivo e com alguma deficiência.

Sete em cada 10 entrevistadas afirmaram já ter recebido olhares insistentes e cantadas inconvenientes enquanto se deslocavam nas cidades em que vivem. Elas disseram ainda ter passado por episódios de importunação e/ou assédio sexual 36% das mulheres, número superior aos 34% que já foram vítimas de assalto, furto e/ou sequestro-relâmpago.

De acordo com os dados, 83% das entrevistadas já foram vítimas de episódios violentos enquanto se deslocavam. Dessas, 24% não contaram a amigos e familiares, 53% disseram ter ficado abaladas psicologicamente e 67% acabaram mudando alguns hábitos e comportamentos. Apenas 27% afirmaram já ter reagido a alguma situação do tipo.

O meio de locomoção mais citado pelas entrevistadas como cenário de importunações e assédios sexuais foi o ônibus. Atrás dele, está o deslocamento a pé, que se destaca neste e em outros tipos de violência, como assaltos, atos racistas, agressões físicas e estupro.

Outro dado alarmante é o da porcentagem de mulheres que se privam de utilizar determinadas roupas e acessórios por medo de serem vítimas de alguma forma de violência: 83% de todas as que responderam à pesquisa.