Fiocruz está conduzindo um estudo sobre validade e intercambialidade entre os diferentes tipos de vacina contra a covid-19. O objetivo é avaliar por quanto tempo se mantém a imunidade contra doença, gerando dados que ajudarão no planejamento do esquema vacinal de reforço, e analisar a resposta da combinação dos imunizantes na proteção contra as novas variantes do vírus.
O projeto, iniciou a sua primeira fase de desenho em maio deste ano, tem encerramento previsto para 2023 e conta com financiamento do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. Ele faz parte de um conjunto de cinco pesquisas, com o nome “Rede de estudos observacionais para monitoramento da efetividade, imunogenicidade e segurança da vacinação contra Covid-19 no Brasil, e história natural da doença em crianças e adolescentes”, coordenado pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) por meio da médica Tatiana Noronha.
A equipe do estudo é composta pelas pesquisadoras do IOC/Fiocruz, Adriana Valocchi, coordenadora do estudo, e Adriana Bonomo, e o biomédico do IFF/Fiocruz e vice-coordenador dessa pesquisa, Zilton Vasconcelos.
Troca de vacinas
Para uma descoberta científica chegar até a população, ela precisa passar por várias etapas de estudo, seguindo critérios bem rigorosos até a pesquisa ser, de fato, concluída, mas, às vezes, nem tudo obedece a um planejamento prévio, pois imprevistos e desdobramentos podem acontecer no meio do caminho e precisam ser encarados como oportunidades para aprimorar e atualizar o conhecimento. Esse é o caso que motivou esta pesquisa em um momento tão crucial para o mundo como o da atual pandemia.
Em fevereiro deste ano, a mídia informava o caso de aproximadamente 100 professores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), também servidores do setor de saúde, que devido a uma falha no sistema de controle de imunização receberam doses de vacinas diferentes contra a covid-19. Ao invés de tomarem a segunda dose da Coronavac, os profissionais receberam doses da vacina AstraZeneca. Essa vacinação errônea, conforme explicado por Zilton Vasconcelos, foi o que motivou a pesquisa, transformando a falha em uma oportunidade para a ciência avançar em prol da população.
“Mesmo sendo um número limitado de profissionais que receberam, era necessário estudar esses casos, tanto para saber se a imunidade deles ia ser desenvolvida, se teriam efeitos colaterais, quanto para analisar um assunto que até hoje existia total desconhecimento no mundo, é possível realizar de forma segura e eficiente a intercambialidade vacinal. Por exemplo, a CoronaVac não está sendo usada em muitos países, e, nesse contexto, vamos conseguir gerar informações úteis para o mundo sobre a combinação vacinal com essa marca”, explica Zilton.
“Outra questão importante é a viabilidade de obtenção ou produção de vacinas suficientes para imunizar toda a nossa população. A intercambialidade significa maior oferta de doses para a imunização completa”, acrescenta a pesquisadora do IOC/Fiocruz, Adriana Bonomo. Este ano, a intercambialidade vacinal virou foco dos organismos internacionais, pois caso sua efetividade seja comprovada, representará uma ótima alternativa para os governos não dependerem dos estoques de determinadas marcas de vacinas autorizadas em cada país. Sendo assim, a iniciativa poderá solucionar possíveis faltas ou atrasos, com a aplicação de uma segunda ou até uma terceira dose de outra indústria farmacêutica.
Nesse contexto, os pesquisadores do projeto organizaram uma pesquisa maior, com a ajuda do Programa Nacional de Imunizações (PNI), ampliando a mostra desta pesquisa do grupo dos 100 profissionais da saúde da UNIR, para mais de 16 mil pessoas de várias regiões do país, que por alguma falha também tomaram doses de diferentes vacinas, combinando Coronavac com AstraZeneca.
Agência Brasil
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