Morreu na noite de ontem (2) em Santarém, no Pará, o violonista Sebastião Tapajós, aos 78 anos. Segundo o Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), ele estava internado no Hospital da Unimed em Santarém, onde passou por uma cirurgia, e receberia alta hoje (3), mas teve um mal súbito e veio a falecer.
Ainda de acordo com o Sindmepa, o corpo deve ser velado no plenário Benedito Magalhães da Câmara de Vereadores de Santarém.
Tapajós se apresentaria no cineteatro do Sindmepa no dia 18, parte das comemorações pela Semana do Médico. “Há um ano ele foi contratado para uma apresentação no cineteatro, mas a pandemia interrompeu as apresentações presenciais no espaço e os médicos esperavam ansiosos a apresentação deste mês”, informou o sindicato.
A Câmara Municipal de Santarém divulgou uma nota de pesar.
“O legislativo santareno reconhece o talento e o valor desse artista para a cultura santarena, que, com seu trabalho, levou o nome da Pérola do Tapajós para vários continentes. Foi em terras mocorongas [natural de Santarém ou que vive na região do Rio Tapajós] que Sebastião Tapajós escolheu viver seus últimos dias, ficando a gratidão do nosso povo. Ao mesmo tempo, os vereadores santarenos se solidarizam com familiares e amigos desse grande artista”.
Carreira
Nascido em 16 de abril de 1943 em Alenquer (PA), Sebastião Tapajós gravou mais de 50 discos, sendo o primeiro de 1967, com o nome de Violão e Tapajós, e o último, de 2014, com o título de Violões do Pará, em parceria com Salomão Habib.
De acordo com o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, o músico foi estudar na Europa em 1964 e se formou no Conservatório Nacional de Música de Lisboa. Estudou também na Espanha e, de volta ao Brasil, lecionou violão clássico no Conservatório Carlos Gomes de Belém e, no Rio de Janeiro, se dedicou à pesquisa de música popular e folclórica.
Na década de 1970 fez turnês pela Europa ao lado de Paulinho da Viola e Maria Bethânia e gravou na Alemanha, e ainda lançou discos com temas regionais do Pará e da América Latina. Gravou também com o Zimbo Trio, Maurício Einhorn, Gilson Peranzzetta, Jane Duboc e Nilson Chaves.
Em 1992 recebeu o prêmio de Melhor Músico Brasileiro, concedido pela Academia Brasileira de Letras. Em 2013 recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e também da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). No ano em que completou 75 anos, em 2017, foi fundado em Santarém o Instituto Sebastião Tapajós, uma iniciativa de amigos do músico para divulgar a obra do violonista e de outros artistas locais.
Ao longo da carreira, Sebastião Tapajós reinterpretou melodias e canções de grandes nomes brasileros como Villa-Lobos, Radamés Gnattali, Guerra-Peixe, Cartola, Ary Barroso e Pixinguinha, além de pesquisar os ritmos da Amazônia e gravar discos em parceria com Hermeto Pascoal, Baden Powell, Sivuca, Gerry Mulligan, Oscar Peterson, Paquito D’Rivera e Astor Piazzolla.
Consagrado internacionalmente, Tapajós costumava fazer turnês por diversos países. Foi gravado por artistas como Emílio Santiago, Miltinho, Pery Ribeiro, Jane Duboc, Maria Creuza, Fafá de Belém, Nilson Chaves e Ana Lengruber.
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