O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou nesta quarta-feira (28) que enviará um grupo de servidores da pasta para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, para atuarem junto aos refugiados afegãos que vivem no local e que, desde a semana passada, estão enfrentando um surto de sarna.
O ministério não deu mais detalhes sobre como será desenvolvido o trabalho, mas adiantou que os servidores irão a Guarulhos ainda nesta quarta-feira para “trabalharem na gestão da crise emergencial, coordenando e fornecendo o atendimento necessário neste momento”.
“Sensível à situação no Aeroporto de Guarulhos, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) esclarece que vem acompanhando desde o início do ano a situação dos afegãos que chegam ao Brasil. Estão sendo realizadas reuniões interministeriais com diversos órgãos da sociedade civil, das polícias e do Poder Judiciário para solucionar o problema”, disse a pasta.
Desde 2021, quando os radicais do Talibã assumiram o poder, milhões de afegãos têm deixado o país para fugir de um regime que viola seus direitos. O Brasil passou a ser destino de parte desses afegãos quando foi publicada uma portaria interministerial, em setembro de 2021, autorizando o visto temporário e a residência por razões humanitárias.
Desde então, eles começaram a desembarcar no Brasil, mas sem conseguirem acesso a uma política pública de acolhimento ficam desamparados e passam a viver dentro do aeroporto, contando com apoio de voluntários e da Prefeitura de Guarulhos, que tem contribuído com alimentos e buscado encontrar vagas em abrigos municipais que, no momento, segundo a administração municipal, estão lotados.
Na semana passada, voluntários identificaram um surto de sarna entre os afegãos que estão vivendo no aeroporto e comunicaram às autoridades. Na terça-feira (27), o prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa (PSD), visitou o local e informou à Agência Brasil que todos os afegãos que estão vivendo no aeroporto haviam sido medicados.
O prefeito disse ter enviado ofícios a diversos ministérios para cobrar apoio no atendimento aos afegãos e para que a cidade seja identificada como de fronteira. “A gente precisa que Guarulhos seja reconhecida como cidade de fronteira. Apesar de não fazermos fronteira terrestre com nenhum país, a gente é a maior porta de entrada da América do Sul, e isso faz com que a gente precise de uma política assertiva. A gente precisa que o governo federal, mais do que tudo, lidere a interiorização desses afegãos, para que consigamos mandar 10, 20 ou 30 afegãos para outras cidades grandes, de forma com que elas sejam bem acolhidas e faça sentido o fato de que essas pessoas, que estão se refugiando de uma situação terrível em seu país, encontre aqui [no Brasil] um lugar melhor, acolhedor”.
Na semana passada, em resposta à Agência Brasil, o Ministério dos Portos e Aeroportos confirmou ter recebido o ofício enviado pela Prefeitura de Guarulhos. “O documento foi encaminhado ao Grupo de Trabalho Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJ), que tem a competência para dar encaminhamento à solicitação”, informou o ministério.
Agência Brasil
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